16 de janeiro de 2011

Passos no escuro.

.. Aspirei aquele ar cinzento e senti meu corpo formigar, parado ali, no meio daquelas escadas sem fim, não imaginei o que aconteceria, minhas asas, já não eram mais confiáveis. Precipitei-me, fechei meus olhos pra ver além e tentei dizer algo que fizesse significado qualquer, numa língua em que ninguém compreende, em tom tácito e enternecido, apenas passos no escuro. Ensaiei aquelas velhas palavras, talvez as ultimas, tudo que tinha, era tudo que havia perdido, e meus sonhos, foram antes do despertar. Eu ainda acredito em mim, numa tentativa inútil de prosseguir, conheço minhas limitações, minhas falhas, meus defeitos, como posso me dar algo a mais, se tenho menos que antes, onde estou? Não estou bem. Me diz onde vou chegar, com minhas asas quebradas e um pesar de toneladas sobre meus ombros, já não sinto mais dor, já não sinto meu corpo, meu coração, Preciso encontrar-me, seja lá onde tenha perdido, preciso abraçar-me, uma ultima vez, preciso sentir-me novamente.



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3 de novembro de 2010

de fato, enfim.


No meio daquele amontoado de flores e espinhos, eis-me aqui.
Algo que não imaginara encontrar. No inconsciente dos seus sonhos,
amarelo, cor de girasol.


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8 de agosto de 2010

Gosto de agosto.

Chuva, algumas horas antes haviam pessoas paradas ali, brincavam e sorriam empolgadamente. Olhavam-se, e nos olhos um brilho maior do que o comum, pareciam bolas de gude, verdes quase castanhos, outros castanhos, quase negros, se aquele momento era único, não sei, mas será, um dia, quem sabe, talvez. Olhei da janela, escondido entre as cortinas do meu quarto e até sorri, mesmo sem entender ao certo sobre o que falavam, talvez minha curiosidade não se importasse e quissesse compartilhar, mesmo que indelicadamente, aquele momento, aquela alegria. Pois se bem me lembro, aquele momento já fora meu. Não sei ao certo quando, não sei ao certo onde mas num momento como esse, como aqueles nossos, fechei os olhos, na tentativa inútil de guardar aquele brilho no olhar, sempre que a olhava, pra que ninguém adimirasse ou sequer, invejasse. Abri mão da luz do dia pra viver de escuridão, desde que fosse com você. Aprendi que a cegueira não seria ruím, se segurasse a minha mão. Sentia-me seguro, sabia que não deixaria tropeçar numa pedra ou cair num buraco, seguia os seus passos, que ao longe, tornariam-se os meus. Equalizei minha audição, onde sua voz era a atração da manhã, da tarde e da noite. Eu não falava muito, para poder te ouvir melhor, fiz da sua voz, meu farol, que logo se apagou. Esqueci as palavras e do som do seu sorriso. Passaram-se anos, décadas, talvez dias, não sei, naqueles meses existiam minutos impossiveis de se esquecer, talvez pouco, talvez muito, seria tempo demais. O tempo não estava a meu favor e assim que precisei de dia aberto, o céu se fechou .. Me perdi dos seus passos, não ouvi mais sua voz, soltei suas mãos. Onde está você? - Perguntei, Desesperado, com a voz rouca, a tanto tempo silenciada. Mas não respondeu. Depois de tanto "tempo", tantos tropeços, não tive saída, além de abrir os olhos e procura-la .. quando dei por mim, estava só, num quarto vazio, olhando entre as cortinas, a chuva que cai lá fora e no reflexo da vidraça, o resto, das lembranças que vivi com você.